quarta-feira, 16 de abril de 2014

Satisfação e Motivação

Dados da pesquisa de Joel Dutra: as notas dos empregados das organizações privadas e públicas do Brasil para "Satisfação e Motivação" caem continuamente há pelo menos cinco anos.



Aposto que isso é porque a imensa maioria das organizações no país (e no mundo) não beneficia realmente em nada as pessoas e os seus empregados estão cada vez mais conscientes disso.

A maioria das organizações age de forma oposta, inclusive. Visando apenas o lucro, olhando só para seus próprios interesses, estimula o consumo de produtos desnecessários, poluindo o ambiente, mantendo e estimulando a competitividade interna e externamente. Assim mantém-se esse grande esquema de produção empurrando consumo onde as pessoas, a natureza, tudo é visto como recurso. E falta sentido na vida.

Não adianta, por exemplo, um banco cobrar juros abusivos - contribuindo para o endividamento da população mais pobre - e criar programas para fingir uma preocupação sócio-ambiental. Nem seus empregados nem seus clientes são tão ingênuos.

A pesquisa organizada por Joel e divulgada na revista Exame "as melhores empresas para se trabalhar" deveria considerar também o impacto real das empresas analisadas no mundo. Não apenas os benefícios que as empresas oferecem a seus colaboradores.

Para os mais jovens, a insatisfação e desmotivação para trabalhar nessas empresas é maior, segundo as pesquisas de Joel. Para estes trabalhadores, uma alternativa de trabalho seriam as ONGs, como instituições mais conscientes. Porém, hoje em dia no Brasil é preciso um grande esforço para encontrar uma ONG que não seja apenas fachada, tentando obter dinheiro do Governo sem oferecer benefícios reais aos seres e ao mundo. Por outro lado, parece haver um crescimento do interesse em empreendedorismo social.

Há quem vá além e questione o próprio valor do trabalho formal, como neste interessante texto em Inglês.

Outro fator a ser considerado é que, com a automação, muitos empregos onde se via algo realmente sendo feito foram acabando, dando lugar a empregos sem sentido em vez de diminuir as horas de trabalho. Esse tema é aprofundado, em Português, aqui e, em Inglês, aqui e aqui. Há muitos casos de depressão e fadiga crônica e outros problemas psicológicos causados pela nossa forma de trabalhar (sem sentido) que talvez não sejam problemas pessoais, mas sim de nossa forma de viver coletivamente errada, conforme fala este artigo em inglês, que também caracteriza o problema como mundial. Não é algo apenas no Brasil. Pelo contrário. Veja esse texto excelente sobre os malefícios das cadeias longas de produção em posição à produção local, recomendando também alguns boicotes para pararmos de agir tão aleatoriamente nas compras. Fiz até uma lista do que boicoto também. E já há questionamentos sobre a filantropia de grandes empresas ou empresários.

Finalizo com um vídeo sobre educação que pode ajudar a abrir nossos olhos:




E outro vídeo que continua atualíssimo, e pode ser uma ótima explicação para a satisfação e motivação continuamente decrescente nas empresas: A história das coisas. Outro vídeo imperdível sobre materialismo.

Obs.: Em abril de 2015, saindo da teoria pra prática, me demiti do emprego público sem sentido. No mesmo período em que achei este belo debate nO lugar sobre o cansaço da vida normal. Em 2016, recomendo esse link sobre o empreendedorismo.

2 comentários:

  1. Apenas não concordei 100% com o trecho que diz " a imensa maioria das organizações no Brasil (e no mundo) não beneficia realmente EM NADA as pessoas e os seus empregados estão cada vez mais conscientes disso. Acredito que o termo "NADA" é muito abrangente, uma vez que, até os aspectos profissionais negativos podem contribuir como um incentivo para que o individuo queira algo melhor. Contudo a verdade foi dita cliente e funcionários de uma empresa não são mais tão ingênuos.

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